COP 15

Crédito: jornal i

No final do ano passado, aquando do final da COP15 (Conferência das Nações Unidas, destinada a proteger a biodiversidade), realizada em Montreal, quase toda a comunicação social declarou que foi um enorme sucesso.

A razão para isso é ter existido um pacto global dos países para evitar o extermínio das espécies – o que diminui a biodiversidade: o objetivo é manter, restaurar e melhorar os ecossistemas.
188 países concordaram num “guia de proteção da biodiversidade”, onde se pretende criar áreas de proteção da biodiversidade em 30% do planeta até 2030 (proteger terras, oceanos e espécies da poluição, degradação e crise climática), além de muitas ajudas económicas (30 mil milhões de dólares todos os anos dados pelos países ricos aos países em desenvolvimento, destinados à conservação da natureza nesses países).

Pessoalmente, sou muito pessimista quanto a estes “acordos globais”, muito gerais, que raramente têm tradução prática.
Para começar, por exemplo, nem os EUA nem o Vaticano assinaram o acordo, apesar dos EUA o apoiarem fortemente com financiamento.
Eu percebo que o objetivo de 30% do planeta é enorme. Mesmo assim, deixa 70% do planeta de fora… Ou se pensa no planeta como um todo, ou “andamos a brincar às áreas de conservação”.
Países com enormes florestas tropicais, como Brasil, Indonésia e Congo, assim como vários países de África como Uganda e Camarões, queixaram-se de ser muito pouco dinheiro para todo o planeta (nomeadamente, para todos os países pobres).
Finalmente, a linguagem no acordo é “fraca” e demasiado geral. Não existe qualquer sentido de urgência ou de especificidade. É quase como se fosse para “se ir fazendo” até 2030. Não se coloca quaisquer travões ao consumo humano (de tudo e mais alguma coisa) nem sequer ao uso de pesticidas.

Ou se calhar, sou eu que me tornei demasiado cínico: já não acredito em promessas generalizadas de políticos nem acredito que o dinheiro vai todo para onde seria suposto…
Acredito nos cientistas, nos ativistas e nas pessoas que realmente trabalham no terreno, mas não em politiquices “para inglês ver“.

Crédito: United Nations, CBD Secretariat

Safa-se o bonito discurso de Guterres, que disse que a Humanidade é uma “arma de destruição massiva” da natureza. E que este é o primeiro passo para a formação de um pacto de paz entre a Humanidade e a Natureza.

Podem ler todo o acordo, aqui e aqui, com o que se concordou e as metas que se pretendem atingir.

Fontes: UN, UN, The Guardian.

1 comentário

    • Jonathan Malavolta on 05/03/2023 at 19:39
    • Responder

    Se servir de consolo, somos dois a não dar o mínimo crédito aos políticos e suas politicagens (seus acordos inclusos).

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