1005 super-emissores de metano

Créditos: The Guardian, WMO’s Greenhouse Gas Bulletin

Neste artigo, já tínhamos falado no Metano:
“O metano é 80 vezes mais poderoso que o dióxido de carbono no aquecimento global.
No entanto, é muito menos abundante (1900 partes por bilião) e fica muito menos tempo na atmosfera (cerca de uma década) que o dióxido de carbono.”

O metano na atmosfera é responsável por cerca de 25% do aquecimento global.

Cerca de 40% das emissões de metano são de fontes naturais, como pântanos.
60% são fruto de atividades humanas.

A responsabilidade humana das emissões de metano para a atmosfera está assim distribuída:
– 40% é causada pela fuga de metano durante a exploração, produção e transporte de combustíveis fósseis. Os níveis de metano emitidos devido a este fator aumentaram cerca de 50% entre o ano 2000 e 2020.
– 40% é causada pela agricultura e pastorícia, nomeadamente pelos arrotos do gado, como as vacas.
– 20% é causada pela podridão (pelo apodrecimento) de enormes lixeiras a céu aberto e aterros sanitários.
Prevê-se que todos estes fatores aumentem os seus números nos próximos anos.

Quem lucra com isto são os micróbios que decompõem a matéria orgânica: mais matéria orgânica em decomposição e temperaturas mais quentes (em zonas húmidas), leva à existência de mais micróbios que decompõem matéria orgânica: que por sua vez emitem mais metano para atmosfera, o que aumenta a temperatura, o que leva a um maior número de micróbios, e assim sucessivamente.

Crédito: The Guardian

Agora, um artigo no jornal The Guardian, vem alertar para os mais de 1000 eventos super-emissores de metano que afetaram significativamente o aquecimento global do planeta em 2022.
A maioria desses locais são, sem surpresa, locais de extração de petróleo e de gás natural: algumas dessas fugas (leaks) são deliberadas, mas outras são acidentais (fruto de equipamento defeituoso, sem manutenção).

Ao todo, em 2022, os eventos super-emissores de metano foram 1005:
– 559 foram em locais de extração de petróleo e gás natural,
– 340 foram em lixeiras, como aterros sanitários.
– 105 foram em minas de carvão.
– para o resto dos eventos, não foi possível detetar a fonte.
Os eventos tiveram uma duração entre algumas horas e vários meses.

O evento mais poluidor foi em Agosto, no Turquemenistão, em que foram emitidas 427 toneladas de metano por hora. Isto é o equivalente à emissão de 67 milhões de carros ou à totalidade de emissões da França por hora.
O segundo evento mais poluidor foi no Iraque, numa refinaria de petróleo.

Os países mais poluidores (com mais eventos super-emissores de metano) são o Turquemenistão, a Rússia e os EUA. Depois destes, existem ainda o Iraque, a Argélia, a Arábia Saudita, o Qatar, o Irão, a Austrália, a Índia, o Paquistão, o Bangladesh, etc.
Em 2022, dos 100 maiores eventos super-emissores de metano, o Turquemenistão foi responsável por 70.
Os EUA foram responsáveis por 154 desses 1005 eventos. O segundo maior deveu-se a um fraturamento hidráulico (fracking) na Pennsylvania, que durou 13 dias.

Créditos: The Guardian, Kayrros Methane Watch

Atualmente, a aceleração de metano na atmosfera é provavelmente o fator que mais influencia o não-cumprimento dos acordos de Paris quanto ao clima.
Como o metano fica relativamente pouco tempo na atmosfera, fechar imediatamente esses locais de fugas de metano ajudaria a travar um pouco o aquecimento global.
E seria relativamente fácil e até barato fechar essas fugas (acidentais) de metano.
Fechar metade desses locais até 2030, evitaria 0,3ºC de subida na temperatura global do planeta, de acordo com as Nações Unidas.

Leiam todo o artigo no jornal The Guardian, aqui.

Créditos: The Guardian, Kayrros Methane Watch

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