Em quem confiamos?

Nos EUA, a televisão CBS e o site YouGov fazem questionários regularmente.

Desta vez, fizeram um questionário a pessoas que votam no Trump, para saberem em quem eles confiam.

Os resultados foram estes:

Crédito: CNN

Os resultados mostram que os “Trumpistas” confiam mais no que Trump lhes diz, do que confiam na família, nos amigos, nos políticos conservadores, nos jornalistas ou nas autoridades religiosas.

Tendo em conta que Trump é do partido Republicano, e é defendido pela ala de extrema-direita desse partido (bastante conservadores), seria de pensar que estes eleitores confiassem mais nos políticos conservadores.
Além disso, como Trump é defendido pelos líderes religiosos e como grande parte dos seus eleitores são evangélicos, então também seria de esperar que estes eleitores confiassem mais na sua religião.

Mas não.
Existem mais eleitores de Trump que confiam mais em Trump, do que eleitores de Trump que confiam nas pessoas em quem sempre confiaram.
Ele passou a ser a fonte de informação primária destes eleitores.
Trump pode dizer o que quiser, que 7 em 10 eleitores que votaram em Trump, vão assumir que Trump está a dizer a verdade, mesmo que todas as outras pessoas digam que é mentira.

Não há qualquer pensamento crítico: há só um seguir cegamente o líder.

Isto prova, mais uma vez, que o que Trump tem é mais do que um simples movimento político.
Isto é extremismo político, em que não interessa o que o partido defende ou o que as outras pessoas pensam: só interessa o culto do líder. Esta foi uma das características que ergueu o fascismo de Hitler.

Além disso, isto faz lembrar os cultos religiosos extremos.
Vários deles resultam na morte de toda a gente, porque o líder assim o diz, porque supostamente é a “palavra de Deus” que fala através dele.

Por último, isto também me faz lembrar as crenças irracionais em pseudociências: por mais que sejam apresentadas evidências objetivas de que certos objetos e técnicas não funcionam, as pessoas tendem a confiar mais em vigaristas simpáticos que lhes dizem o que elas querem ouvir, do que aceitarem a realidade.


A única boa notícia é que este número (71%) é inferior ao número de 2018.
Nas eleições de 2018, o número de votantes em Trump que confiavam que Trump lhes dizia a verdade (mais do que qualquer outra pessoa) era de 91%.
Isto quer dizer 2 em 10 pessoas que votam Trump, já não confiam assim tanto nele.

Fontes: YouGov, CBS, Washington Post, MSNBC, The Harvard Gazette.

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