Hubble vê Buraco Negro fugitivo



Ilustração artística do buraco negro supermassiço “em fuga”.
Créditos: NASA, ESA, Leah Hustak (STScI)

O fantástico e “velhinho” Telescópio Espacial Hubble descobriu um buraco negro “fugitivo”.

Obviamente, ele não observou o buraco negro diretamente, mas detectou o rasto que ele cria ao viajar pelo espaço intergalático.
Esse rasto tem um comprimento de 200 mil anos-luz! (isto é o equivalente ao dobro do diâmetro da nossa Galáxia!)
O rasto “observado” vai desde o buraco negro até ao que se supõe ser a galáxia-mãe.
As perturbações que cria nas nuvens de gás existentes nos locais por onde passa, leva ao nascimento de muitas estrelas. Devido a estar a viajar demasiado depressa, o seu disco de acreção não captura estrelas rápido o suficiente para se alimentar: em vez disso, catalisa a formação estelar. Assim, o rasto é composto sobretudo por estrelas jovens, azuis, quentes e muito brilhantes.

Desta forma, o buraco negro não é só um agente de destruição, mas também de criação e renovação estelar.

Este buraco negro é supermassiço: tem uma massa equivalente a 20 milhões de sóis.
Encontra-se neste momento a cerca de 7,6 mil milhões de anos-luz de distância da Terra.
E está a viajar à incrível velocidade de 1800 km/s. A esta velocidade, conseguiríamos ir da Terra à Lua em apenas 14 minutos.

Não se sabe com certeza a causa para a existência deste buraco negro “em fuga”.
Pensa-se que há cerca de 50 milhões de anos ocorreu uma fusão entre duas galáxias. Os buracos negros supermassiços nos seus centros, estavam a juntar-se. Durante esse processo de fusão, atraíram gravitacionalmente uma outra galáxia, com outro buraco negro supermassiço no seu centro. A existência deste intruso, criou uma instabilidade no sistema, levando à expulsão de um dos buracos negros: o elemento perturbador terá sido expulso, ou o intruso pode ter substituído um dos dois buracos negros originais. O impulso da expulsão, deu-lhe uma velocidade capaz de gerar estrelas pelos locais por onde passa.


Esquema em 5 passos que mostra 2 buracos negros a combinarem-se, quando um terceiro chega para os perturbar.
O 6º painel mostra o rasto de gás estelar observado.
Crédito: van Dokkum et al.

Curiosamente, esta descoberta aconteceu por acaso.
O astrofísico Pieter van Dokkum estava a analisar algumas imagens feitas pelo Telescópio Hubble, em busca de enxames globulares numa galáxia anã próxima, e viu um risco numa das imagens. Pensou que fosse um raio cósmico a atingir o detector da câmera. Afinal, era uma evidência indireta de um buraco negro.

Esta imagem do Telescópio Espacial Hubble capturou uma linha interessante que inicialmente se pensou que era um raio cósmico a atingir o detector da câmera.
A linha tem cerca de 200 mil anos-luz de comprimento.
O buraco negro fugitivo está na ponta esquerda (para baixo) do risco. Ele deverá ter sido ejetado da galáxia que está na ponta direita (para cima) do risco.
Créditos: NASA, ESA, Pieter van Dokkum (Yale); Processamento da imagem: Joseph DePasquale (STScI).

Como sempre em ciência, agora é esperar por confirmações independentes.
Espera-se que observações feitas pelo Telescópio Espacial James Webb e pelo Observatório Espacial de Raios-X Chandra, confirmem esta descoberta.

Fontes: artigo científico, NASA, Hubblesite, CNN.

1 comentário

    • Jonathan Malavolta on 14/04/2023 at 12:07
    • Responder

    Pode ter sido isso o início de tudo, em se tratando de formação de estrelas, planetas, galáxias e outros tipos de massas cósmicas.

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