Crenças em fantasmas

Crédito: YouGovAmerica

Uma sondagem/enquete feita nos EUA pela YouGovAmerica, mostrou que 41% das pessoas nos EUA acreditam em fantasmas.
Além disso, outros 20% disseram que não têm certeza se acreditam ou não.

Assim, mais americanos acreditam em fantasmas do que aqueles que dizem com certeza que não existem.

20% dos Americanos afirmam que já viram e/ou estiveram perto de um fantasma.
21% assegura que já foi tocado por pessoas que morreram.


Já agora, 43% também respondeu que acreditam em demónios.
Provavelmente, são as mesmas pessoas que acreditam em fantasmas, já que são crenças semelhantes em seres dos quais não se tem evidências, mas que pululam as mentes populares.

31% dos Americanos acreditam noutros seres sobrenaturais.
No entanto, somente 9% acreditam em lobisomens e 8% acreditam em vampiros.

Crédito: YouGovAmerica

As mulheres (50%) acreditam mais em fantasmas (e demónios) do que os homens (31%).

Os americanos com maior formação académica (mestrado e/ou doutoramento) acreditam menos em fantasmas (28%).
Assim, a formação académica parece fazer com que a pessoa questione mais as crenças subjetivas (incluindo as suas), dando mais valor às evidências objetivas. No entanto, somente a formação académica mais avançada desenvolve o pensamento crítico: as pessoas com bacharelato ou licenciatura têm as mesmas crenças que pessoas sem qualquer formação académica.

Curiosamente, 51% dos Republicanos, 46% dos Independentes e 34% dos Democratas, acreditam em fantasmas.
Assim, politicamente, parece que os Republicanos (direita) tendem a acreditar mais em seres inexistentes.
No entanto, a surpresa aqui são os independentes: poderia se pensar que eles têm maior pensamento crítico, tentando se manter neutros. Na verdade, apesar de politicamente neutros, também se deixam levar pelas crenças noutras áreas.

Crédito: CNN

Para mim, a percentagem que mais me chamou à atenção foi a comparação das crenças em diferentes anos.

Em 1978, somente 11% dos americanos acreditavam em fantasmas.
Em 2021, 40% dos americanos já acreditavam em fantasmas.

O mesmo se passa para outras entidades sobrenaturais: em 40 anos, passaram a existir muitos mais crentes em seres inexistentes.

O que se passou para haver mais gente a acreditar em seres inexistentes?

Não me parece que o fator decisivo sejam filmes e séries com esses seres, já que alguns dos filmes mais famosos nos últimos anos continham lobisomens e vampiros.
Aparentemente, as pessoas percebem que são ficção.

O que poderá influenciar este aumento das crenças em seres inexistentes (como fantasmas), além da falta de pensamento crítico, é o facto dos programas da manhã e da tarde, direcionados à população em geral, periodicamente darem testemunhos de pessoas que supostamente presenciaram esses seres. E transmitem essa informação como se fosse realidade: como se estivesse provada com evidências.
Esses programas, justificados como entretenimento, na verdade servem para enganar muita gente com pseudociência.

Além disso, existem programas de muito sucesso na televisão, semanalmente, que promovem a existência de fantasmas.
Por exemplo, todos os episódios do programa Ghost Hunters mostram os supostos investigadores a confirmarem a existência de fantasmas em determinadas casas – apesar de nenhum fantasma alguma vez ter aparecido.

Este programa tem tanto sucesso nos EUA, que já levou a vários spinoffs, sob o mesmo tema.

Este programa, tal como outros, é apresentado como Reality TV, como se fosse realidade.
Na verdade, tal como outros programas de Reality TV, são programas ensaiados (scripted): é tudo falso, mas que nos faz acreditar que é verdade.

Donna LaCroix, uma das investigadoras mais famosas do programa Ghost Hunters confirmou que a suposta “realidade” do programa era toda falsa: as evidências eram encenadas (staged).
Nas suas palavras, o programa Ghost Hunters é somente um programa de entretenimento: não é para ser levado a sério. Infelizmente, as pessoas não percebem isso, e assumem que aquilo é real, levando a uma mentalidade de culto (cult mentality) sobre o programa e, consequentemente, sobre a crença em fantasmas.

Se as pessoas são alimentadas com estas falsidades, não admira que depois acreditem que estes seres existam…

Assim, estas crenças pessoais são resultado de aculturação, e nada têm a ver com o fenómeno em si.

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