Crenças em mortos faladores

Crédito: squarefrog, pixabay.

No artigo anterior, sobre o elevado incremento da crença em fantasmas, considerei que as razões para isso são os programas da manhã e da tarde, direcionados à população em geral, e as séries semanais, supostamente de Reality TV, que têm muito sucesso na televisão, e que promovem a crença nestas tretas.

Neste website, têm uma lista de programas de Reality TV, que as pessoas pensam tratar-se de cenas reais, mas que na verdade são ensaiadas (scripted).

Nesta lista, estão vários programas com auto-proclamados mediums, ou psíquicos, que alegam comunicar com mortos.
Nestes programas, parece que os psíquicos conseguem mesmo comunicar com os mortos, acertando sempre naquilo que dizem, levando os clientes às lágrimas.

Destes programas, provavelmente o que terá mais sucesso é o Long Island Medium, com Theresa Caputo.

Ora, sabe-se que Theresa Caputo utiliza várias técnicas conhecidas nas pseudociências, como a Leitura a Frio, o Efeito Forer, etc.
No entanto, o que chama mais à atenção é a Leitura a Quente: existem evidências de que a produção adquire informações prévias sobre os clientes que “surpreendentemente” depois aparecem nos episódios. A produção utiliza inquéritos pessoais, pesquisa as redes sociais das pessoas, etc.
Além disto, uma investigação feita por uma jornalista do programa Inside Edition concluiu que o programa faz uma edição bastante seletiva do episódio. Ao vivo, Caputo errou inúmeras vezes, mas esses insucessos nunca apareceram nos episódios.

Assim, não há qualquer evidência do suposto “dom” de Caputo.

A produção defende-se dizendo que este é só um programa de entretenimento: não é para ser levado a sério. Daí não ser surpreendente existir um script.
Ou seja, tal como outros programas de Reality TV, também este programa é ensaiado, mas é apresentado/vendido como se fosse tudo verdade. Não é.
As supostas evidências da mediunidade são encenadas (staged).

Infelizmente, as pessoas assumem que estes programas retratam a realidade, daí depois acreditarem nestas tretas: nos EUA, 40% das pessoas acreditam nos auto-proclamados psíquicos.


John Oliver realizou um programa brilhante sobre este tema, onde descreveu os auto-proclamados psíquicos como: “abutres sem escrúpulos“.
E também disse que a televisão permite que truques básicos sejam vendidos como dons sobrenaturais. Esta validação da pseudociência faz com que pessoas destroçadas sejam manipuladas publicamente de forma macabra por estes vigaristas.
John Oliver conclui que a televisão promove “parasitas que se alimentam de tragédias pessoais”.
E remata dizendo: “a única forma responsável de um auto-proclamado psíquico ou medium ter tempo de antena na televisão, deveria ser para ser humilhado/a”.

Por fim, John Oliver criou este website que faz exatamente as mesmas leituras que os supostos mediuns fazem, e tem o mesmo nível de precisão. Só que faz isso gratuitamente.

(podem colocar as legendas em português, clicando nas definições)

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