O que baleias mortas nos ensinam sobre extraterrestres?

Este artigo do astrobiólogo Dirk Schulze-Makuch, é muito interessante.

O artigo analisa o que acontece quando morre uma baleia, e conclui que isso nos dá algumas ideias sobre possibilidades de detetar extraterrestres.

Crédito: National Marine Sanctuaries; via wikipedia.

O fundo dos oceanos é um ambiente inóspito.

No entanto, quando uma baleia morre, o seu corpo cai para as profundezas dos oceanos.
Nessa altura, uma comunidade enorme de diferentes organismos enche essa zona com vida. Eles aproveitam o buffett de comida que lhes “caiu do céu”.

Se retirarmos, à sorte, um pouco de água do oceano, o mais provável é não encontrarmos vida complexa.
Mas naquele local onde a comida chegou com muita fartura, passou a existir lá, temporariamente, vida em abundância.

Mesmo com a baleia em carcaça, a biosfera prospera: existem inúmeros polvos, caranguejos, tubarões, etc, no fundo do oceano a alimentar-se do que resta.
Até já se observou novas espécies nestes “restaurantes” a mais de 1 quilómetro de profundidade.

Note-se que o “temporariamente” é relativo.
Estes hotspots biológicos criados com a queda de baleias pode durar entre 10 anos (se o ambiente fôr rico em oxigénio) a 50 anos (se o ambiente fôr pobre em oxigénio).

Este artigo argumenta que o mesmo podia ser feito em Marte e em Titã: podíamos providenciar nutrientes químicos de modo a atrair micróbios marcianos ou titanianos.

Por exemplo, em Marte, se existir vida, ela deverá estar distribuída de forma demasiado espaçada, quiçá até estará dormente. A água em estado líquido desapareceu da superfície e os nutrientes orgânicos deverão ser muito escassos.
Assim, o que Dirk Schulze-Makuch defende é que se enviem pequeníssimas estufas transparentes para Marte, que permitam a fotossíntese. O interior das estufas teriam água e compostos orgânicos. O objetivo seria encorajar vida marciana a dirigir-se para estes locais (“restaurantes”), do mesmo modo que a vida faz com as carcaças de baleias nos oceanos terrestres.
Em Titã, seria a mesma coisa.
A razão para a escolha destes dois locais é por serem os locais com, quiçá, maior probabilidade de terem vida microbiana.

Uma das maiores críticas a esta ideia é: como será composto o cocktail de nutrientes? Que nutrientes devemos enviar?
Ninguém sabe como poderá ser a vida extraterrestre, por isso também ninguém sabe o que eles poderão absorver: podemos enviar-lhes “bananas” e eles gostarem é de “bifes”
Na Terra, a maioria da vida precisa de ferro, magnésio, cálcio, potássio, sódio, fósforo, etc. Assumimos que vida extraterrestre também precise/goste destes elementos. Mas será que sim?

Um outro problema com esta ideia é que teríamos muita dificuldade em distinguir se a vida que encontremos é indígena ou contaminação terrestre.

Por último, vamos supôr que ao analisarmos o decaimento químico nos cocktails, percebemos que esse decaimento é superior ao que os modelos geoquímicos prevêem. Será que podemos imediatamente concluir que isso se deve a microorganismos extraterrestres? Ou será que poderão existir motivos naturais para isso, que para já desconhecemos nesses ambientes hostis extraterrestres?
Os organismos vivos que conhecemos preferem isótopos mais leves. Mas será que esse é um critério que se aplica por todo o Universo?

Podem ler todo o artigo, em inglês, aqui.
Podem ler o artigo científico, aqui.

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