2023 caminha para o Ano Mais Quente da História

Crédito: Sustentarea, Universidade de São Paulo

2023 está caminhando para ser o ano mais quente da História.

De acordo com o observatório Copernicus, as temperaturas médias mundiais, no intervalo compreendido entre junho a agosto, no hemisfério norte, foram as mais elevadas já registradas.

Tal período – conhecido como verão meteorológico – “foi, de longe, o mais quente já registrado, com uma temperatura média mundial de 16,77 ºC“, conforme noticiou o G1, em seu sítio.

O resultado ficou 0,66 ºC acima da média no período de 1991-2020 – que também registrou um aumento das temperaturas médias do planeta devido à mudança climática antropogênica. É superior – em quase dois décimos – ao recorde anterior, em 2019.

Leia-se: mais de 0,5ºC acima da média global. Aos olhos de um leigo, pode parecer pouco, mas pequenas variações positivas na escala termométrica global, reverbera em profundos e significativos impactos climáticos e ambientais em todo o planeta.

Apesar da base de dados do Copernicus remontar aos anos 40, esta  pode ser comparada com o clima dos milênios anteriores, estabelecido graças aos anéis das árvores e aos núcleos de gelo, bem expostos no mais recente relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, que é bastante categórico: os meses entre junho a agosto foram os mais quentes em 120 mil anos.


Secas e inundações extremas no Hemisfério Norte; Calor e inverno no Hemisfério Sul.

Estados Unidos, Canadá, Europa, China e Japão enfrentam ondas sucessivas de calor extremo, assinaladas com temperaturas recordes acima de 40 ºC durante semanas em muitas regiões.

No Havaí, os incêndios mais destrutivos em mais de 100 anos, mataram 93 pessoas. Mesmo que as causas iniciais ainda sejam desconhecidas, tempo excepcionalmente seco e fortes ventos, devido ao furacão Dora, que passou pelo pacífico leste, agravaram os incêndios na região.

Foto: Havaí, Estados Unidos.
Divulgação: Terra / Sheraton Maui Resort & Spa / REUTERS / Marco Garcia.

No Hemisfério Sul, as consequências também estão sendo sentidas: com a intensificação do fenômeno El Niño, países tropicais estão com temperaturas acima da média para o período, inverno fraco e seco, podendo ocasionar incêndios e acidentes.

No Brasil, um forte ciclone extratropical fez mais de 40 vítimas – entre mortos e desaparecidos – no sul do país.

Imagem aérea dos alagamentos e da destruição em Venâncio Aires, no Rio Grande do Sul, Brasil.
Créditos: BBC / Reuters

Estas mudanças provocadas pelas atividades humanas provocam extremos climáticos: verões cada vez mais quentes, maiores frequências de furacões e tornados, invernos mais rigorosos (ou mais quentes, em ano de intenso El Niño, fenômeno diretamente ligado ao aquecimento das águas do Pacífico), porém, com uma forte marca: recordes de temperatura em escalas cada vez menores de tempo. É o que está exatamente acontecendo neste momento.


O que a Ciência diz?

É consenso na comunidade científica que as atuais mudanças climáticas – diferentemente do passado geológico de aquecimentos e resfriamentos naturais – estão sendo acelerados e intensificados graças ao lançamento cada vez maior de CO2 atmosférico. Como se não bastasse, o desmatamento e extinção de matas e florestas nativas, com as consequentes desertificação e aquecimento dos oceanos – estão em ritmo acelerado. Não podia ser pior.

Os mais doutos já perceberam que o homem causa algum impacto no clima desde a agricultura.

Neste ponto, faço um adendo. No passado, já dei crédito, incorretamente, a negacionistas climáticos.
Os factos, ano após ano, principalmente na metade da última década, mostram por si: as atividades humanas são responsáveis pelos atuais desequilíbrios e extremos climáticos, que estão custando milhares de vidas, tanto humanas quanto de animais, além dos desastres ambientais que custam bilhões de dólares ao ano.

Já existe alguma luz no fim do túnel, como maior conscientização por parte das empresas em buscar técnicas de reflorestamento (mesmo que seja ainda um custo elevado) e descarbonização nos processos industriais.

Contudo, existem muitos interesses econômicos em jogo que travam uma busca mais rápida das nações pela solução em minimizar os impactos ambientais causados pelo homem.

O relógio corre e poderemos chegar ao ponto do “não retorno”.

2 comentários

    • Jonathan Malavolta on 08/09/2023 at 19:16
    • Responder

    Se é que já não chegamos ao ponto de não retorno!

    1. Temo que você tenha razão…

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