10 Não-Mandamentos

Toda a gente conhece os 10 Mandamentos, alegadamente dados por Deus a Moisés no Monte Sinai, no Egito.

O Catolicismo divulgou estas “regras divinas” por praticamente todo o mundo.
E atualmente, é ensino obrigatório na Catequese.

Crédito: wikipedia

Estes mandamentos da Catequese são uma versão “mais moderna” dos Mandamentos iniciais: estão mais adaptados à realidade humana atual.
Mesmo assim, incluem regras como “não usar o nome de Deus em vão”, que são diariamente violadas até por aqueles que se deveriam refrear na utilização do Seu nome.

Os Mandamentos iniciais eram mais específicos à era de Moisés.
Por exemplo, o último mandamento exemplificava que não se devia cobiçar a mulher, os servos ou o jumento da casa ao lado. Atualmente, pouca gente tem jumentos em casa…
Um outro exemplo é o primeiro mandamento, que dizia que as pessoas não deviam ter mais deuses. Ora, na altura, o politeísmo era reinante: as diversas culturas acreditavam em muitos deuses. Assim, era importante que este Deus dissesse: “Acreditem só em mim. Os outros são falsos.”

Já um dos mandamentos iniciais foi retirado porque os Humanos que decidiram os mandamentos perceberam que nunca conseguiriam cumprir este: não criar imagens ou adorar imagens (incluindo esculturas) de Deus ou dos seus santos. O mandamento era simples: não adorar imagens ditas sagradas.
O objetivo era distinguir esta religião das outras. E, claro, não adorar “falsos deuses” (representações falsas de deuses & amigos).
Obviamente, isto foi esquecido como mandamento, porque as pessoas precisam “ver” algo para poderem adorar e porque era preciso fazer negócio. O dinheiro falou mais alto que o mandamento.
Imaginem o Catolicismo atual sem imagens de Deus, de Jesus, da cruz, de Nossa Senhora, etc. Biliões de estatuetas e amuletos deixavam de ser vendidos. E deixava de ser um negócio rentável…


Pessoalmente, prefiro os não-mandamentos humanistas de Lex Bayer e John Figdor, que se baseiam no pensamento racional/científico:

Crédito: wikipedia

1 – O mundo é real, e o nosso desejo para compreender o mundo é a base da crença.

2 – Conseguimos compreender o mundo através dos nossos sentidos.

3 – Utilizamos o pensamento racional e a linguagem como ferramentas para compreendermos o mundo.

4 – A verdade tem de ser proporcional à evidência. A verdade tem de ser baseada em evidências objetivas.

5 – Deus não existe.

6 – Todos lutamos por ter uma vida feliz. Nós tentamos obter coisas que nos fazem felizes, e evitamos coisas que nos tornam infelizes.

7 – Não existe uma verdade moral universal. As nossas experiências e preferências moldam a forma como achamos que nos devemos comportar.

8 – Agimos moralmente quando a felicidade dos outros nos faz também feliz.

9 – Beneficiamos por viver numa sociedade eticamente responsável.

10 – Todas as nossas crenças podem ser alteradas, em face de novas evidências.


Quando os Humanistas criaram uma competição (Rethink Prize) em que as pessoas votaram nos 10 mandamentos que deveriam ser adoptados no século 21, estes foram os escolhidos:

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1 – Tenha uma mente aberta e esteja sempre disponível para alterar as suas crenças em face de novas evidências.

2 – Lute para compreender a explicação mais provável de ser verdade, e não acredite naquilo que deseja que seja verdade.

3 – O método científico é a ferramenta mais credível para compreendermos o mundo natural.

4 – Cada pessoa tem o direito de controlar o seu corpo.

5 – Não é necessário acreditar em Deus para se ser uma boa pessoa ou para se ter uma vida com significado.

6 – Tenha noção das consequências de todas as suas ações, e reconheça que tem que se responsabilizar por elas.

7 – Trate os outros como gostaria de ser tratado, e como acha que os outros gostariam de ser tratados. Tenha empatia: coloque-se no lugar deles. Veja as coisas pela perspetiva dos outros.

8 – Temos a responsabilidade de pensar nos outros, incluindo nas gerações futuras.

9 – Não há só uma forma correta de se viver.

10 – Deixe o mundo melhor do que quando você cá chegou.


O famoso biólogo Richard Dawkins, no seu livro The God Delusion, também deixou 10 novos mandamentos, citando Adam Lee:

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1 – Não faças aos outros o que não gostarias que te fizessem a ti.

2 – Tenta sempre não causar qualquer mal/dano nos outros.

3 – Trata os outros seres humanos e todos os seres vivos, com amor, honestidade, lealdade e respeito.

4 – Não deixes que o mal passe impune, mas perdoa os erros que as pessoas admitam e se arrependam de cometerem.

5 – Vive a vida com alegria e admiração pelo mundo natural.

6 – Tenta sempre aprender algo novo.

7 – Testa tudo, incluindo os argumentos e evidências apresentadas. Testa as tuas ideias e percebe se estão contra os factos: se assim fôr, descarta as tuas crenças.

8 – Evita a cultura do cancelamento. Respeita as pessoas que discordem de ti.

9 – Opina de forma independente, com base no teu raciocínio e na tua experiência; evita seres levado pela opinião dos outros.

10 – Questiona tudo.


Curiosamente, Dawkins acrescentou mais 4 mandamentos:

11 – Aproveita a tua vida sexual, e deixa a vida sexual dos outros para eles próprios: as preferências sexuais das outras pessoas não te dizem respeito.

12 – Não descrimines nem oprimas as outras pessoas com base no sexo/género, raça ou espécie a que eles pertencem.

13 – Não obrigues os teus filhos a pensarem de determinada forma. Ensina os teus filhos a pensarem por eles próprios, a como avaliarem evidências e a como argumentarem quando discordarem de ti.

14 – Valoriza o tempo em grande escala, numa escala de tempo muito superior ao teu tempo de vida.


Segundo Dawkins, estes são os mandamentos que qualquer pessoa decente a viver atualmente deveria seguir.

1 comentário

    • Jonathan 'Hamelin' Malavolta on 16/12/2023 at 21:14
    • Responder

    Sou mais #TeamDawkins.

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