Indução e abdução – CrashCourse Filosofia (3)

Vejamos a terceira aula do Crash Course de Filosofia:

Não tenho muito a comentar em relação a esta aula. Acrescento apenas que a indução e abdução são formas lógicas de pensar que permeiam não só o nosso dia-a-dia, como a própria Ciência. Raramente (ou quase nunca) temos certezas absolutas de seja o que for. É por isso importante aceitar que lidamos com probabilidades em quase tudo na vida. Este facto leva muita gente a ficar desapontada e até a ter uma perspectiva negativista sobre o que pensamos saber. Porém, não devemos ser extremistas ao ponto de assumir que uma probabilidade significa que não sabemos nada ou que não podemos saber nada. Ou assumir que uma probabilidade é equivalente ao aleatório. Não é. O conhecido e o desconhecido não são necessariamente demarcados por uma clara fronteira. Não é tudo preto ou branco. O que temos são vários tons de cinzento. Aumentar o nosso conhecimento não se traduz em aumentar o círculo do “branco”, mas antes no aclarar do cinza. Saber mais não nos dá certezas de sucesso, mas aumenta a probabilidade desse sucesso.

No final do vídeo é-nos apresentada uma utopia. Algo deste género: “Numa discussão filosófica não há um vencedor ou um derrotado. Ambas as partes ganham ao ficarem mais próximas da verdade. Quem acreditava em algo falso ficará grato por compreender a falsidade daquilo em que acreditava.” Não sendo eu um filósofo, desconfio que isto dificilmente aconteça na Filosofia. Falemos de filósofos, cientistas, ou quaisquer outras pessoas, o mais comum é que os indivíduos envolvidos sejam toldados por vieses cognitivos e por orgulho e, como tal, não consigam assim tão facilmente aceitar os argumentos contrários. Creio que devemos estar cientes deste facto, de forma a que possamos controlar melhor as nossas expectativas…

Na legenda da figura lê-se “400 mil anos de alterações climáticas.”
O sujeito: “A razão pela qual o clima se altera é… porque o clima sempre se alterou.”
Trata-se de um argumento circular e, por isso, oco. Sim, o clima sempre foi dinâmico, mas isso não invalida que as alterações actuais não sejam incomuns. Por outro lado, mesmo que fossem comuns, isso não invalidaria a importância de tentar compreender e prevenir potenciais catástrofes futuras.

6 comentários

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    • Paulo Figueira on 29/08/2022 at 17:28
    • Responder

    Espero que este blog não tenha acabado mas esteja só numas merecidas férias.

    Cumprimentos,
    Paulo Figueira

    1. Olá Paulo,

      Sim, foram umas férias 🙂

      abraço e obrigado pela preferência! 😉

  1. “Falemos de filósofos, cientistas, ou quaisquer outras pessoas, o mais comum é que os indivíduos envolvidos sejam toldados por vieses cognitivos e por orgulho e, como tal, não consigam assim tão facilmente aceitar os argumentos contrários.”

    É uma questão de emoções…

    Fossemos todos como o tradicional Spock (não o dos filmes recentes), ou melhor, como o Data, e tudo seria perfeito 😀

      • Jonathan Malavolta on 02/09/2022 at 13:03
      • Responder

      Spock sei que é de Star Trek. E o Data? Não estou lembrado de onde é nem se já o vi em alguma série ou filme, mas suspeito que seja alguma inteligência artificial cinematográfica.

      1. É o robô/andróide também de Star Trek 😉

        Spock é da série original.

        Data é o da Next Generation.
        https://memory-alpha.fandom.com/wiki/Data

        Star Trek Voyager tinha o doutor:
        https://memory-alpha.fandom.com/wiki/The_Doctor

        abraço!

    1. Confesso que não vi nada disso. 😛

      Abraço,
      Marinho

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