Amor e Morte

Recentemente, assisti a um casamento.
Foi lido o Cântico dos Cânticos, que diz que: “O amor é forte como a morte” (Ct 8.6).

O padre tentou explicar esta noção mais detalhadamente, e chegou mesmo a dizer que, na opinião dele, o amor é mais forte do que a morte.

Eu lembrei-me da série Young Sheldon, em que o pequeno Sheldon começou a discutir com o padre em plena missa.
Obviamente, não fiz o mesmo. Mas refleti sobre o assunto, enquanto o padre falava.

A morte é irreversível. O amor não.
O padre tinha noção do conceito de divórcio?
Existem divórcios no casamento, mas não existem “divórcios” da morte.

Neste século, em Portugal, mais de metade dos casamentos terminaram em divórcios.
Em 2020, em Portugal, surpreendentemente (para mim), 91% dos casamentos terminaram em divórcios (ainda é um valor provisório).

Se as pessoas se casam por amor (porque pretendem ficar juntas para sempre), então o amor é fraquinho.
Se a eletricidade só funcionasse em metade das vezes que ligamos a luz, ninguém teria eletricidade em casa.

Que eu saiba, 100% das mortes… terminam em morte. As pessoas continuam mortas.

Eu entendo o que se pretende dizer: pretende-se dizer, penso eu, que o amor entre duas pessoas continuará a existir, mesmo que uma pessoa morra: a pessoa que sobrevive continuará a amar a outra pessoa, mesmo após ela falecer.

No entanto, na prática, essa generalização não funciona: em 100 pessoas que se amam, o mais provável é o amor entre elas acabar, antes de falecerem.
Assim, a morte é mais forte que o amor: a morte é irreversível; o amor não.

Curiosamente, num ranking de forças, eu colocaria as 4 forças fundamentais da natureza entre estas duas: são mais fortes que o amor (por exemplo, a força eletromagnética funciona muito mais tempo que o amor), mas mais fracas que a morte (que, atualmente, é a única irreversível).

6 comentários

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  1. “Existem divórcios no casamento, mas não existem “divórcios” da morte.”
    Percebo o que diz e concordo. Mas do ponto de vista do padre, o divórcio não é aceitável, e a ressurreição é possível.

    1. True. Não tinha visto o problema desse ponto de vista.

      Tinha só olhado para as evidências práticas 🙂

      abraço!

    • Jonathan Malavolta on 06/09/2022 at 09:42
    • Responder

    Primeiro, a história de minha falecida avó materna: Se casou em 1930 (com quase 15 anos), se tornou viúva em 1958 e nunca mais teve outro homem. Guardou seu coração para o primeiro – e único – homem de sua vida, meu avô.
    Segundo, uma pergunta: Poderia a morte ser considerada uma das forças fundamentais da natureza (no caso, natureza biológica)? Se sim, poderíamos também considerar a concepção uma dessas forças? Pessoalmente, os considero como eventos, mas não sei se tais eventos podem ser considerados “forças”. Caso positivo, então temos 6 forças fundamentais, sendo a primeira a concepção e a última a morte (devendo-se considerá-las não forças físicas, mas forças biológicas); caso negativo, pode desconsiderar a pergunta, se quiser.

    1. Como compara forças físicas a forças biológicas? 😉

      Ou seja, qual a diferença física entre uma pedra e um lagarto? 😉

      (esta pergunta é a de “1 milhão de dólares”)

      abraço!

        • Jonathan Malavolta on 07/09/2022 at 12:19

        Foi uma pergunta retórica que achei cortês compartilhar.

        Abraço!

      1. Ok! 🙂

        Eu achei uma pergunta interessante. Daí a minha reflexão 😉

        abraço!

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